Eu queria gostar de Rent a Girlfriend

Sim, eu queria gostar de Rent a Girlfriend, mas todas suas problemáticas me impedem.

Antes de mais nada, este é um texto sobre a segunda temporada do anime Rent a Girlfriend. Já falei de muitos aspectos do anime e não pretendo me repetir demais, então recomendo que você leia meu texto da primeira temporada.

Bem, vamos direto ao assunto então. Minha forma de enxergar a série mudou depois dessa temporada? Ou será que as coisas continuam as mesmas? A primeira temporada apresenta várias questões a serem abordadas, será que tivemos algum fechamento ou só repetições de dinâmicas?

A resposta curta é: Eu realmente queria gostar de Rent a Girlfriend. Pelo menos com base nas coisas boas que a segunda temporada entregou, que apesar de serem poucas, foram genuinamente boas. Mas infelizmente o grosso da temporada ainda me causa desgosto

Agora, a resposta longa é…

Vamos começar com o que não mudou

O anime traz novas perspectivas e situações na segunda temporada, mas nenhum conflito da primeira se resolve de verdade. Rent a Girlfriend ainda se segura nos mesmos tropos e dinâmicas.

No texto da primeira temporada, escrevi sobre cada uma das garotas afim de apresentá-las. Vou repetir essa dinâmica, mas considerando que você já leu o texto anterior ou assistiu o anime, me focando no estado em que as garotas se encontram. Como essa é a parte do texto em que falo justamente do que não muda, vou começar falando das personagens que se encontram no mesmo lugar.

Mami Namami segue sendo ex-namorada possessiva

Nami Mamami, personagem de Rent a Girlfriend
Nami antes me causava uma mistura de interesse e raiva, hoje ela só está meio deslocada.

Esse ainda é o maior adjetivo que posso dar para ela. Ela segue sendo exatamente a mesma personagem da primeira temporada, fazendo exatamente as mesmas coisas de antes e sem nenhum aprofundamento ou explicação sobre o porquê dela ser assim.

Contudo, se antes eu achava que ela tinha potencial para caminhos interessantes, agora eu só a acho deslocada.

Veja bem, parte da primeira temporada foi sobre se Kazuya ainda nutria sentimentos por ela ou não, e se algo nessa história se moveu, foi o fato de que não. Já está muito bem estabelecido que Kazuya não nutre mais sentimentos românticos por Mami. Com isso, as dinâmicas dela com o protagonista deixam de ter o mesmo efeito.

Agora, tudo que ela faz parece servir mais de gancho pra outros aspectos da história, a ponto de que diria que se ela não existisse na segunda temporada, quase nada seria perdido.

Mas tem alguém que agora faz muito mais parte desta narrativa porém não mudou quase nada

Ruka Sarashina, seguindo como namorada unilateral

Ruka Sarashina, personagem de Rent a Girlfriend
Estou surpreso com o enredo de “namorada de verdade” estar durando

A segunda temporada dá bastante foco na Ruka e sua luta para conquistar Kazuya. Ela segue tendo ciúmes de Chizuru por ela claramente ser quem Kazuya ama, segue sendo a “namorada oficial” mesmo que não seja nem um pouco tratada como tal e segue necessitando urgentemente de terapia. Na segunda temporada ela é uma versão mais intensa do que na primeira. Agora ela força mais a barra, se machuca mais, insiste mais, mas é tudo no fim a mesma coisa de sempre.

Eu sinceramente estou cansado dela. O anime JURA DE PÉ JUNTO que essa personagem evoluiu, mas a “evolução” dela é estar mais convicta a fazer exatamente a mesma coisa.

MAS…Tem alguém que apesar de não ter mudado, quase chegou lá

Sumi Sakurasawa segue sendo a tímida… Com um porém

Sumi Sarakusawa, personagem de Rent a Girlfriend
Se ela não tivesse fadada a ser personagem de um harém, teria mais chances dela tomar um caminho interessante

Sumi segue aparecendo pouquíssimo, servindo mais de escadinha do que pra outra coisa e tendo a timidez como sua característica dominante. Porém há dois pontos que a segunda temporada apresentou que valem a pena apontar.

Agora está mais claro que Sumi está nutrindo sentimentos românticos por Kazuya, e que suas saídas com ele para “treinar” são mais desculpas porque ela tem interesse nele mesmo. O segundo ponto é que ela participa de uma cena genuinamente bem feita e bonita, onde ela convence Kazuya a desabafar e ambos choram juntos, mostrando o quanto ela é empática e, de certa forma, faz pessoas terem uma certa confiança nela.

Se esse segundo aspecto fosse mais desenvolvido, ela poderia ser uma personagem com muito potencial para crescer, mas temo que ela esteja fadada a ser a “personagem apaixonada” que vai servir só de ombro amigo pro protagonista até isso começar a machuca-la.

Agora vamos falar do que mudou

É aqui onde meu desabafo sobre como eu queria gostar de Rent a Girlfriend realmente começa. A segunda temporada, apesar de não ter nenhuma resolução verdadeira, foge um pouco do aspecto “aluguel de namorada” e apresenta momentos genuinamente bons, todos eles envolvendo a única personagem que realmente teve alguma mudança nessa história

Chizuru Ichinose, a atriz

Chizuru Ichinose, a garota principal de Rent a Girlfriend
A personagem mais interessante da obra

 

No primeiro texto, mostrei meu incômodo de como a historia foca a personagem sob a ótica de uma “ótima namorada de aluguel”, e em vários momentos aparecia o assunto torto sobre a “função de uma namorada de aluguel”. Aqui isso é bem menor, pois o foco na temporada é o relacionamento dela com a vó e seu sonho de se tornar uma atriz.

Eu realmente gosto quando o anime foca nessas questões da Chizuru. O primeiro episódio da temporada foi focado em mostrar como ela é, de fato, uma boa atriz, mas é uma profissão ingrata que não abre oportunidades para ela, simplesmente por não estar inserida no ciclo social certo. Por mais que ela tenha feito um trabalho fenomenal que cativou todo o público, quem vai ser escalado para um filme com grande orçamento vai ser a filha de alguém influente no meio, e isso a frustra.

Acompanhar a jornada de Chizuru para se tornar uma atriz é interessante porque é bem escrito. Não apenas a personagem per se fica muito interessante por este aspecto, mas as dinâmicas dela com Kazuya melhoram. Kazuya ainda é super cringe e me mata de vergonha alheia, mas se o roteiro deixasse o apoio que ele da a ela menos torto, seria legitimamente algo bonito. Inclusive, no final da história ele decide ajuda-lá de uma forma genuína e nada torta, fechando bem a temporada.

Além disso, temos mais informações sobre a relação dela com sua vó, que é o único familiar vivo que Chizuru tem. A relação dela com sua única parente viva é boa, bem escrita e gera momentos verdadeiramente bons.

A conclusão é que Chizuru carregou a segunda temporada

Ela foi o ponto alto da história e de longe a parte mais bem escrita. Quando o anime não trata ela como “a namorada de aluguel perfeita” e foca em sua humanidade, ele acerta, mas infelizmente ele ainda tem seus tropeços. Essa parte elogiosa da temporada é apenas uma parcela dela, ainda temos as problemáticas apontadas no texto anterior e excesso de dinâmicas repetidas.

No fim, eu realmente queria gostar de Rent a Girlfriend

Ao fim da segunda temporada, eu posso dizer que entendo quem gosta de Rent a Girlfriend. Ele ainda é um anime que me irrita profundamente e tem muitos problemas, mas a segunda temporada mostrou que ainda existem coisas boas e potencial para coisas interessantes.

Se a história amadurecer e deixar mais de lado o aspecto “alugue uma namorada” e desenvolver as outras personagens da mesma forma com que Chizuru está sendo desenvolvida, esse anime pode ficar bom.

exceto que eu vi o que acontece mais pra frente no mangá e muito dos meus elogios são jogados no lixo, mas isso fica pra um texto futuro.

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