Frieren e a jornada para o além me deu uma ótima primeira impressão

Frieren e a jornada para o além (nome oficial da obra aqui no Brasil) é um mangá escrito por Kanehito Yamada e desenhado por Tsukasa Abe. O mangá é publicado na revista Weekly Shounen Sunday e atualmente está com nove volumes no japão.

No mês de julho, Panini passou a publicar Frieren no Brasil. Recentemente comprei os dois primeiros volumes e pensei em escrever um texto sobre minhas primeiras impressões com a obra.

Antes de mais nada, quero esclarecer que li apenas o primeiro volume e só falarei abertamente dos primeiros capítulos contidos nele. Mesmo sendo primeiras impressões, sinto que há coisas a serem ditas no começo desta obra.

Mas afinal, do que se trata Frieren e a jornada para o além?

Frieren a princípio nos apresenta um mundo de fantasia genérico. Aqui nós temos quatro heróis bem aos moldes que encontraríamos em um JRPG clássico, ou numa mesa de D&D com quatro jogadores. Quatro pessoas partem numa jornada para derrotar o rei demônio, um herói, um padre, um guerreiro anão e uma maga elfa. É bem claro que a estrutura apresentada nesse início é uma mistura de Dungeons & Dragons com Dragon Quest, especialmente quando “herói” é considerado uma classe. O que torna esse cenário interessante é o fato de que é uma história após o fim desta jornada tão lugar comum.

O grupo já derrotou o rei demônio, eles já se tornaram lendas e tiveram a jornada de suas vidas…. Exceto que para Frieren, a elfa maga do grupo, essa jornada de dez anos com o grupo foi apenas uma virgula em sua vida.

Afinal, Frieren é uma elfa e sua noção de tempo é diferente

Nesse mundo elfos vivem milhares de anos, isso faz com que Frieren tenha uma percepção de tempo diferente do resto de seu grupo. Para os elfos, dez anos não significam muito. Enquanto o resto do grupo criou laços, amadureceu e se abriram uns com os outros durante esse tempo, Frieren a priori estava estagnada, afinal, ninguém muda em “tão pouco tempo”. Não que ela não tenha formado laços com seus companheiros, a jornada importou para Frieren, mas ela sente uma estranheza na discrepância do impacto que teve nela em comparação ao resto.

Anos se passam, e a longevidade de sua vida afeta

Frieren após muitos anos encontra seu antigo grupo, mas todos estão velhos e no final de suas vidas. Eles partem para uma pequena última jornada e pouco tempo depois, o herói do grupo morre. Como Frieren viverá muito mais tempo, ela acaba não compartilhando este sentimento de finalização da mesma forma que seus companheiros. Por outro lado, a protagonista sente uma melancolia ao perceber não compreender tão bem seus companheiros, e uma certa solidão ao saber que ela viverá muito além deles e o mundo irá esquece-los.

Assim, começa a jornada para além do fim

Frieren parte numa jornada sem rumo definido, com o único objetivo de entender melhor o mundo ao seu redor e consequentemente a si mesma. No caminho ela encontrará novas pessoas que farão parte de sua vida e estabelecerá novas relações.

Dito isso, quero fazer uma pequena reclamação sobre o título em português da obra. Chamar de “Jornada para o além” não parece dar a mesma conotação que o nome inglês da: “Beyond Journey’s End”, que em tradução livre seria “jornada além do fim”. Não entendo japonês, mas pesquisando sobre o nome original (Sousou no Frieren 葬送のフリーレン) ele parece significar tanto “Funeral de Frieren” quanto “Frieren coveira”. Tanto o título em inglês quanto o original dizem de forma clara sobre o contexto da obra, sendo a versão inglesa falando sobre que essa é uma história após o fim da “história que todos conhecem”, e a japonesa falando sobre a longevidade de Frieren, que acompanha “de longe” o fim da vida de seus companheiros. O “Jornada para o além” me parece ser mais aberto e mais fácil de levar o leitor para um lugar errado (pelo menos a princípio).

Enfim, não senti nenhum problema lendo em português, o que me faz acreditar que a tradução no geral está boa. Sendo assim, mesmo pessoalmente achando a escolha do título ruim, não tem nenhum problema grave nessa história.

Uma história mais preocupada com o indivíduo do que o mundo

Com o que comentei já é bem claro Frieren é uma história introspectiva e muito mais preocupada em falar sobre as relações e pensamentos da protagonista do que o mundo. Pelo menos nesse inicio, o mundo é bem genérico e isso não tem problema algum, porque não é o foco da obra.

O começo não explica bem a relação de outros elfos com o resto do mundo, não deixa claro a longevidade de outras raças, não entra em detalhes sobre o rei demônio e cita bem por cima o impacto que ele causou no mundo. Mas como eu disse, a história não é sobre isso.

Frieren e a jornada para o além é uma história calma com um ritmo lento, mas gostoso de ler, o traço dele é bem simples mas efetivo. Foi uma leitura gostosa que li sem pressa e estou satisfeito em acompanhar no meu ritmo. Tanto que provavelmente ficarei acompanhando apenas pelo lançamento oficial comprando os volumes fisicos.

Frieren me causou ótimas primeiras impressões, a personagem me cativou logo no primeiro volume e foi uma leitura bem agradável.

Se os volumes seguintes manterem a qualidade do primeiro, será um mangá bem marcante.

Deixe uma resposta

Um pensamento em “Frieren e a jornada para o além me deu uma ótima primeira impressão”