Hi Score Girl tem algo de especial

Hi Score Girl foi uma obra que demorou para me chamar atenção. Não conhecia o mangá e quando anunciaram o anime me soava algo genérico. Afinal, ele parecia um romance escolar com piadas batidas e problemáticas mas com um apelo a nostalgia da década de 90. Tempo depois acabei vendo o anime, e ele de fato era um romance escolar com piadas batidas e problemáticas, mas o apelo a nostalgia estava encaixado de uma maneira que não esperava.

Mas afinal, do que se trata Hi Score Girl?

Hi Score Girl conta a historia de Haruo Yaguchi, uma criança viciada em videogames que se acha melhor que todo mundo. Haruo é um péssimo aluno e não se socializa, mas tem orgulho de sua paixão e habilidade em videogames. Até que ele da de encontro com Akira Oono numa partida de Street Fighter, que o destrói completamente no jogo e fere seu ORGULHO GAMER! Então a historia começa a desenvolver a relação entre os dois personagens que está intrinsecamente ligada a videogames.

Ao contrário de algumas obras, as referencias não são vazias.

Tenho problemas com obras como Stranger Things, Big Bang Theory etc. Essas obras adotam em sua estética referencias a cultura pop apelando pra nostalgia, mas não parecem acrescentar substancialmente nada a obra ou aos personagens. Gostar de quadrinhos diz muito pouco sobre os personagens de Big Bang Theory. As referencias de cultura pop da década de 80 dizem muito pouco sobre os garotos de Stranger Things. Você poderia trocar as referencias específicas por qualquer outra coisa que daria na mesma. Mas se Hi Score Girl não fosse uma historia com videogames na década de 90, seria uma historia completamente diferente.

A década de 90 foi especialmente significativa para videogames. Afinal, foi a década onde surgiu jogos extremamente influentes, arcades estavam cada vez mais populares, muitos jogos estavam num processo de transição do 2D para o 3D. Os jogos estavam evoluindo, e evoluindo de forma rápida.

Esse cenário ressoa diretamente com os personagens.

O anime se passa entre 1991 e 1996, anos onde não apenas os videogames cresceram, mas Haruo, o protagonista também. Haruo diversas vezes comenta o quanto os jogos estão mudando e de alguma forma compara seu amadurecimento com isso. Além dessa analogia, a paixão por jogos é algo que Haruo se sente muito empolgado para compartilhar.

Oono é uma garota muda que vive num ambiente opressor (o que talvez explique o porque dela se expressar também através de violência). Por causa do ambiente que vive, os videogames não apenas são um momento de escapismo para ela, mas também a forma que ela mais sabe se expressar. Oono não diz uma palavra, mas você entende o que ela sente através do olhar de terceiros e da forma com que ela joga.

Oono e Haruo dividem suas paixões e compartilham experiencias que para outros pode até ser boba, mas que tem muita importância para os dois

Hi Score Girl não é perfeito, mas ainda vale a pena

Como disse no inicio do texto, Hi Score Girl no fim do dia ainda é uma comédia romântica escolar com piadas batidas e problemáticas. Boa parte das cenas em que Oono se expressa batendo em Haruo me incomoda e também há uma personagem que transforma a dinâmica num triangulo amoroso que é muito mal explorada. Mesmo com esses problemas, a forma com que ele trata suas referencias e a relação dos personagens me cativam. Como citei no podcast dos melhores de 2018, Hi Score Girl não só sobre referencias a jogos, mas como os personagens se relacionam com jogos.

E sabe tratar esse tema de uma maneira muito leve e divertida. O anime não tem vergonha de parecer ridículo e cria diversas situações absurdas envolvendo videogames, desde personagens enxergando algum personagem como uma manifestação da consciência a quadros ABSURDOS e levados muito a sério com um personagem num fliperama.

No fim, Hi Score Girl não é a melhor historia que você vai ler, mas conquistou um lugar especial em meu coração. Provavelmente por falar de videogames (algo que eu amo) de uma forma tão bem feita e sem parecer forçada. Também somado com o fato que é um coming of age redondinho e gostoso de ler.

Dito isso, o anime é uma boa adaptação e a direção de algumas cenas torna algumas dinâmicas melhores. Caso tenha oportunidade, assista o anime.

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