Soredemo Machi wa Mawatteiru aqueceu meu coração

Soredemo Machi wa Mawatteiru é originalmente um mangá de comédia Slice of Life lançado de 2005 até 2016. Em 2010 a série ganhou um anime de 12 episódios, dirigido por Akiyuki Shinbou (Bakemonogatari) e produzido pelo estúdio Shaft.

Estava interessado em conhecer mais obras do diretor e lembrei que estava com “SoreMachi” na minha listinha para ler algum dia faz muito tempo. Então achei que seria uma boa ideia juntar o útil ao agradável e ver o anime e depois, eventualmente, comparar com o mangá. Felizmente essa decisão me trouxe uma grata surpresa.

Aliás, este texto é sobre o anime. Anteriormente planejava ler tudo antes de escrever qualquer coisa sobre a obra, mas assim que terminei o anime mudei de ideia.

No podcast de Yokohama Kaidashi Kikou  mencionamos o quanto o simples e o cotidiano podem ser importantes para uma narrativa. tanto Yokohama quanto SoreMachi utilizam um ambiente pequeno, cotidiano com personagens simples para contar uma história. Mas, SoreMachi é menos sobre contemplação e mais focado em vários níveis de comédia. Aqui temos desde situações cômicas cotidianas e bobas a um humor surreal, que por sinal, ambos conseguem se mesclar muito bem. Isso funciona especialmente porque os personagens são muito bem definidos e consistentes com o que a obra vai construindo ao longo do tempo. Por mais bizarro que uma situação colocada numa piada seja, eu sempre achei crível a reação dos personagens. Não que o anime seja apenas comédia, pois o humor como ferramenta principal ajudava os momentos mais “sérios” a terem um peso maior.

Mas do que se trata Soredemo Machi wa Mawatteiru?

SoreMachi é sobre Hotori Arashyama, a cidade dela e as pessoas ao seu redor. Hotori é uma adolescente que trabalha num Maid cafe (que na real talvez nem seja um Maid Cafe de verdade), é horrível em matemática, adora histórias de mistério e é uma encrenqueira. A série segue num formato episódico com sketchs envolvendo Hotori ou algum conhecido dela em diversas situações, nada que você já não tenha visto.

Algo curioso é a direção do anime aproveitar o formato episódico e contar a história explicitamente numa ordem diferente do mangá.  Cada episódio costuma adaptar 2 capítulos do mangá, sendo duas historias de 10 a 12 minutos. O fato de estar tudo fora de ordem ajuda a cada episódio ser um tanto temático. Há episódios com historias que vão se focar no professor de Hotori, outros que vão focar no relacionamento dela com seu irmão.

Ah, a direção do Shinbou ta muito boa aqui. A forma com que o anime faz a dinâmica de interação com personagens é maravilhosa. Várias cenas que por si só seriam super o.k ganham um nível de grandiosidade pelo jeito que a cena é dirigida.

A experiência de assistir o anime foi consistentemente agradável, houve alguns momentos que imagino pessoas ficando constrangidas, como uma ou outra piadinha sexual ou câmera de relance em calcinha. Porém, não me incomodou tanto. As poucas cenas e piadas desse tipo são feitas de forma um tanto natural, e os adultos do anime tratam a Hotori como uma criança. Existe piadinhas de aluno dando em cima do professor, mas a punchline é sobre como o professor cortou isso. As relações no ambiente de SoreMachi, por mais absurdas que possam ser, são saudáveis.

No fim, as relações são o ponto mais forte dessa história

Enfim, o que acabou me fazendo escrever esse texto rasgando o anime de elogios foi o quanto ele me fez amar os personagens. Quando terminei, percebi que amava todo mundo ali e já estava com saudades.

Não darei detalhes pra não dar spoiler, mas a escolha dos capítulos adaptados ajuda a entender a relação que os personagens tem com Hotori. Os personagens daquela comunidade tem um carinho especial por aquela menina encrenqueira, que muitas vezes é infantil e problemática, mas que todos a amam de alguma forma e isso fica em foco no último episódio. A forma com que o último episódio mostrou o carinho que todos ali tem pela protagonista me pegou despreparado, quando percebi já tava lacrimejando. Tudo bem que “eu chorei” é uma forma muito vaga de dizer sobre o fator emocional de uma obra, mas o jeito que o último episódio foi levando a parte mais dramática junto com a comédia é algo que valorizo muito em historias, e fez meu carinho pela série aumentar de forma gigantesca.

Eu não acho que SoreMachi seja a melhor coisa do Shinbou e nem que todo mundo saia positivo como eu saí, mas honestamente quero consumir mais da série e que mais pessoas deem amor pra essa obra.

Assista SoreMachi se tiver um tempinho, ou leia o mangá, vai ser legal.

 

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