Mezzo Forte é um Rascunho Inacabado – Review

Mezzo Forte é um OVA de 2 episódios lançado em 2000. Com direção e roteiro de Umetsu Yasuomi (Kite Liberator, Galilei Donna), é uma produção original do estúdio Arms (Elfen Lied, Ikkitousen). A série ainda conta com uma continuação, Mezzo, com 13 episódios.

Sinopse: três mercenários especializados em trabalhos perigosos são contratados para sequestrar o líder de uma máfia local, mas as coisas não seguem como planejado…

Aviso! Mezzo Forte é um OVA que contém nudez explicita e gore, além de cenas de violência sexual, veja por sua conta e risco.

Talvez essa seja a primeira vez que eu precise dar um contexto pras coisas que aparecem por aqui. Era um dia normal no Twitter, quando alguém retweetou uma cena de luta muitíssimo bem coreografada e ridiculamente bem animada. Quando fui olhar era um hentai. Link do Sakuga

Pelo que procurei (não foi muito, mas nem é o intuito aqui), as cenas de sexo foram colocadas única e exclusivamente para que o projeto chegasse a ver a luz do dia. Devo dizer que isso é bastante notável quando se assiste aos dois episódios.

Uma das cenas se dá num sonho tão deslocado quando a cena do Flash em Batman V Superman e o outro é só um estupro de extremo mal gosto que impacta em nada do que estava acontecendo antes, nem do que acontece imediatamente depois. Inclusive lançaram uma versão sem as duas cenas de tão descartáveis que são.

Bom, aí você deve estar pensando que é um OVA muito bom, com umas cenas feitas pra vender atrapalhando o negócio e… Não é bem assim, infelizmente. Bem da verdade é que a produção é realmente bastante impressionante, e o trabalho de direção é bastante variado e criativo.

Tiveram uns dois ou três momentos em cada episódio de coreografias bastante complexas e animação de cair o queixo. Ainda mais considerando se tratar do estúdio Arms que era péssimo até em sua obra de maior renome, Elfen Lied.

Acontece que o roteiro, na maior parte do tempo, entra na frente de qualquer diversão que poderia ser tida com os OVAs. A caracterização dos personagens é menos que nada, eu honestamente terminei sabendo menos sobre a Mikura ao final, do que sabia no começo.

E olha que ela é a melhor trabalhada do elenco. Sendo assim fica muito difícil de comprar ou se conectar com qualquer um dos lados da disputa. Mesmo a família de mafiosos, é levemente implicado que eles tem um esquema com times de basebol, mas isso deixa de importar depois da primeira cena. Eu não estou pedindo um estudo profundo sobre a Mikura e a relação com a filha do mafioso, só quero o mínimo.

Inclusive temos várias vezes nessa história sinais bastante claros que as duas são irmãs. Era de se esperar que teríamos algum tipo de pay-off para isso, ou para os sonhos premonitórios malucos da Mikura, mas nada sequer próximo nos é entregue.

Além disso, a série decide que quer se provar mais inteligente que o espectador no seu final, mas o plano cai completamente por terra. É uma sucessão de dois ou três viradas malucas que não adicionam nada no final dessa história, que chega a ser um tanto cômico. Mas pra não estragar a surpresa se alguém quiser ver, vou entrar em spoilers aqui nesta próxima seção…

Certo, vamos começar pela cena de estupro. Mesmo na versão sem a cena explícita, esse elemento do roteiro permaneceu. E se ele já era por puro fetiche antes, depois que nos é revelado que era um dublê robótico no lugar dela, só piorou ainda mais.

E mesmo que a série tente justificar que eles ficaram lá por causa do resgate, não faz o menor sentido passarem por todo aquele risco quando eles tinham amplo acesso a mansão dos mafiosos. Todo o clímax dos OVA’s é um show de horrores nesse quesito.

A outra coisa bizarra é a revelação de quem é o contratante. Ser o guarda-costas da família poderia ter sido algo, se ele tivesse sido minimamente construído. E mais: naquela altura, todo mundo já sabia quem ele era, menos a audiência. Então a surpresa só acontece porque o roteiro deixou o espectador, e unicamente ele, completamente no escuro. Não estamos vendo a perspectiva de nenhum personagem nesse momento.

E uma reclamação mais branda, a Mikura consegue chutar pessoas por dentro de paredes de tijolo e concreto. Mesmo que isso crie cenas de ação muito maneiras (como de fato cria) nunca fica claro como isso faz sentido naquele universo. Ela teve melhorias cibernéticas? Ela foi adulterada geneticamente? No final das contas, ela só é muito foda por ser (não tão) levemente baseada na Major Kusanagi, protagonista de Ghost in the Shell.

Mezzo Forte tem uma desculpa que ele chama de roteiro, mas que não para em pé se você pensar por dois segundos. Mesmo assim eu ainda recomendo (a versão censurada) para quem consegue apreciar um anime unicamente pelo seu valor estético. Principalmente por ele entregar esse visual cyberpunk do final dos anos 90 para o qual sou muito verme.

Mezzo Forte definitivamente não vai mudar sua vida, mas pode te entregar um entretenimento barato de qualidade duvidosa e divertidíssimo.

E você, assistiu Mezzo Forte? Gostou? Odiou? Diz aí o que achou e, claro, qual o próximo OVA aleatório que deve aparecer por aqui.

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