Afinal, sobre o que é Darling in the Franxx?

Darling in the Fraxx foi uma experiência um tanto peculiar pra mim. Antes do anime lançar, eu não tinha ideia do que esperar e nem cheguei a procurar muito sobre, mas por ser um projeto de estúdios que gosto, havia um interesse dentro de mim.

Quando o anime saiu, a recepção dos primeiros episódios e as discussões que vi sobre o anime acabou tirando meu interesse. Pelas conversas que vi em alguns lugares da internet, achava que o anime era focado em sexualidade e puberdade. Achava que o anime seria recheado de símbolos e cenas sexualmente apelativas, algo parecido com Kill la Kill. Como eu já tive Kill la Kill na minha vida, não senti a necessidade de ver Darling in the Franxx.

Dito isso, assisti Darling in the Fraxx quando a internet explodiu comentando sobre uma certa personagem. A minha surpresa é descobrir que não poderia estar mais errado quanto a meus preconceitos com a série.

Como eu vi que uma quantidade significativa de pessoas tem o mesmo preconceito que eu tinha, decidi fazer esse texto falando do que diabos Darling in the Fraxx se trata. Ah, não se preocupe, vou evitar ao máximo dar qualquer spoiler neste texto.

Darling in the Franxx é um anime sobre adolescência e amadurecimento num cenário pós-apocalíptico. A humanidade está sob ameaça de monstros gigantes e a única arma efetiva contra estas criaturas são robôs conhecidos como Franxx, mechas pilotados por crianças treinadas desde cedo para isto. Para o Franxx ser pilotado é necessário dois pilotos de sexto opostos, criando uma dinâmica similar a fusão de Gems no desenho Steven Universe, só que, pelo menos inicialmente, exclusivamente hétero.

O protagonista dessa história é Hiro, um garoto que ao se ver incapaz de pilotar um Franxx, fica psicologicamente abalado. Pilotar um Franxx é o único propósito das crianças neste mundo,  sem essa habilidade, Hiro não enxerga propósito para si. Este cenário muda quando ele encontra 02, uma garota misteriosa, que depois de uma série de acontecimentos, se mostra compatível para pilotar um Franxx com ele.

Vale notar que neste mundo as crianças não recebem nomes, mas sim número.  O que reforça a ideia de que as crianças ali não são indivíduos, mas sim ferramentas com o propósito de proteger os adultos.

A premissa não mostra nada novo e os primeiros episódios também não. Mas ao estabelecer como aquele mundo funciona, Darling in the Franxx se mostra muito preocupado em mostrar quem os personagens principais realmente são: crianças que estão crescendo e desejando pertencer em algum lugar neste mundo.

Quase todos os personagens em algum momento agem simplesmente para provar algo, seja para alguém ou para si mesmos. Hiro quer pilotar com 02 independente das consequências para se provar como um piloto. Outros personagens fazem coisas semelhantes mesmo com riscos claros para se provarem merecedores de estar inseridos naquele mundo.

A sexualidade é realmente um dos temas principais de Darling in the Franxx, mas diferente de Kill la Kill, por exemplo, tenta falar sobre isso de maneira pouco invasiva e de forma até sensível e cuidadosa.

Claro, ele nem sempre acerta, mas consegue dar novos significados a personagens com arquétipos óbvios ao acrescentar camadas de profundidade.  Os personagens vão errar, repetir alguns erros, reconhecer outros e crescer com isso. Ao desenvolverem cada vez mais suas próprias identidades, aos poucos surgem questionamentos sobre si e sobre o mundo, que claramente nega a individualidade e o questionamento.

Apesar de ser um mundo que reprime a individualidade, ele tenta disfarçar sua opressão de diversas formas para manter controle.  A relação que adultos tem com crianças em Darling é abusiva, mas não é tão jogado na cara.

Mesmo num ambiente tão tóxico, o tom da primeira metade do anime não é pesado. A maioria dos personagens encontram conforto e espaço para crescer naquele ambiente, principalmente por ser o único conhecido por eles. Bem, isso pelo menos no inicio, pois conforme alguns personagens expandem seus conhecimentos, mais desconforto sentem ao seu redor.

A maioria dos episódios não tratam os monstros como o principal conflito, mas sim questões pessoais de algum personagem. Em diversos casos, há episódios inteiros com foco em um dilema ou questionamento interno de alguém.

No fim, Darling in the Fraxx é um coming of age que usa um cenário fantástico para abordar seus numerosos temas. E Apesar de alguns escorregões, o anime consegue ter momentos de sensibilidade ao falar o que quer.

Se a segunda metade da série manter a qualidade, Darling in the Franxx poderá ser um dos melhores animes do ano.

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