Temporada de Primavera 2018: A torre de Sal do Guerrero Pt.3

E chegamos a parte final dos textos de primeiras impressões, consegui assistir tudo que me interessava (menos a série do Shoji Kawamori, que a netflix não tá trazendo semana a semana). Enfim, sem mais delongas, fiquem com AS MINHAS IMPRESSÕES DA TEMPORADA DE PRIMAVERA 2018-3.

Partes anteriores: pt1 , pt2

The Legend of the Galactic Heroes

 

É muito complicado mexer com coisas do tamanho de LotGH, tanto em extensão de conteúdo, quanto em importância. Isso ocorre principalmente porque Galactic Heroes faz parte daquela categoria de anime do cult chato, do “não se faz mais nada de bom”, este tipo de coisa.

Então não surpreende ninguém que fazer designs diferentes do visual antigo ia desagradar o fandom. Só que é importante notar que os designs da época que os OVAs saírem passavam a mesma ideia que o atual passa, a modernização é necessária para não alienar o público novo, e fazer isso trouxe neste mesmo ano o já clássico Devilman Crybaby.

Polêmicas visuais de lado, preciso dizer que meu conhecimento sobre a série é parco, leio a adaptação do Ryu Fujisaki e vi 3 episódios da série antiga, então não quero posar de especialista. Dito isso, o trabalho até aqui da Production I.G já me vendeu que essa série tem potencial para superar sua antecessora.

Isto acontece já ao olhar o primeiro episódio, nessa nova adaptação, todo o episódio se dedica exclusivamente ao Reinhard e seus companheiros de frota, deixando o trabalho de introduzir o Wen-li apenas para o segundo. Esse foco, nos permite receber melhor a informação sobre os protagonistas, que na obra original ficam misturados com saltos pra núcleos que não estão envolvidos no conflito vigente.

Além disso, o trabalho visual da IG sempre foi ótimo. Basta olhar a recauchutada que ela deu em Kuroko no Basket, tornando um mangá de esporte sem muita noção de narrativa em um dos animes de esporte mais populares ever.

Mas, se tem algo que me preocupa, é que a história definitivamente não cabe em uma temporada e três filmes, e julgando pela velocidade de adaptação (a mesma da série original), fica o receio de que eles não cheguem a concluir esse remake. Mas ele tem muito potencial, isto ninguém tira dele.

Sword Art Online Alternative: Gun Gale Online

 

Sword Art Online é quase um ritual, chega uma nova temporada/filme e as pessoas voltam a falar dele com frases como “dessa vez está realmente bom”. Temporada segue, as pessoas vão saindo do estado de inebriação e percebem que na verdade é uma bosta. Foi assim com a primeira temporada, foi assim com a segunda, está no processo de ser assim com o filme, e vai ser assim com o Alternative.

Para começar, preciso dizer que estava animado com o lançamento dele (eu sei, erro meu), mas veja o potencial: não temos Kirito e o harém dele para quebrar o jogo da vez em prol do edgy; teriamos um autor bom escrevendo a história (Keiichi Sigsawa, escritor de Kino no Tabi); seriam apenas 12 episódios focados em apenas um jogo.

Mas obviamente eu me enganei.

Eu queria, antes de mais nada, dizer que Gun Gale Online é um jogo completamente quebrado. Fazer um personagem de 1,50 de altura te dá uma vantagem imensa sobre alguém de 1,90, por isso hero shooters (tais quais Overwatch) se dão ao trabalho de contrabalancear isto, fazendo personagens mais ágeis e ofensivos não terem a mesma quantidade de vida que um personagem defensivo. Só esse “pequeno” deslize (que permite a virada de final de episódio), já mostra a falta de cuidado na escrita, não houve um bom trabalho de pesquisa sobre como jogos funcionam e minha suspensão de descrença não pode acompanhar.

Fora isso, o episódio não me deu mais nada. Eu não sei se a protagonista é iniciante ou veterana, uma vez que ela é corrigida a todo o momento pelo parceiro por querer fazer escolhas idiotas, mas o final do anime aponta que ela é um avatar conhecido naquele universo. Não sei para onde essa história vai, não sei como funciona o jogo, não sei como ela funciona fora do jogo, em resumo, são 20 minutos de uma partida que não me diz nada além de “ela é muito rápida, né, galera?”.

Então, não tem o Kirito, mas tem o edgy que o cerca e quebra o jogo a volta dele. Não estou surpreso, mas ainda assim estou decepcionado.

Steins;Gate 0

 

O que faz uma boa continuação? É algo que eu sempre me pergunto quando anunciam algo do tipo. E a resposta a qual eu chego, normalmente é que uma boa continuação deve ser indispensável para o consumo do produto (ao menos em mídias não interativas). Por isso acho o Rebellion, terceiro filme de Madoka Magica, uma das melhores continuações já produzidas por esta mídia, e é então que chegamos em Steins;Gate 0.

Steins;Gate é uma obra da qual gosto muito, falando especificamente do anime da White Fox lançado em 2011. Isso faz com que eu não tenha interesse em ver as milhares de versões alternativas ou o OVA que segue pós conclusão da série, para mim Steins;Gate se fecha redondinho no seu último episódio.

Então qual foi o motivo de eu ir atrás com tanta vontade do 0? Eu fui por sentir que o trabalho feito ali não era puramente milkagem da marca, que existia uma vontade autoral por trás, que era uma história que queriam que fosse contada, e eu estava certo.

Importante dizer, que em HIPÓTESE ALGUMA alguém que não viu o anime inicial deve ver esse, não faria nem sentido fazê-lo de qualquer forma, ele não vai apresentar os personagens e nem te colocar em um assento confortável, e isto é ótimo. 

(o restante desse trecho contém spoilers de Steins;Gate)

Steins;Gate 0 quer tudo, menos te deixar confortável. Você precisa passar pelo sofrimento que o Okabe está passando, ver o quanto o luto destruiu aquela pessoa, entender que aquele rosto outrora tão conhecido e caricato, agora é alguém completamente diferente, mais maduro e jogado ao desespero, com o peso do mundo nas costas, que sabe que trilha para um futuro vazio, um futuro inescapável, um futuro onde a perseverança em seguir em frente, simbolizada pela Kurisu na série original, morreu.

Steins;Gate 0 é corajoso, não por colocar uma cena com um banho de sangue, mas por não ter medo de quebrar seus personagens, expor seus lados mais obscuros, e se continuar assim, tem tudo pra ser o melhor anime de 2018.

Gurazeni

 

Conceitos, às vezes uma coisa destas te faz assistir a um anime e com Gurazeni não foi diferente. Prometendo apresentar o baseball profissional saindo do viés mais romântico que normalmente povoam os animes de esporte. Ainda assim, conceito não é tudo.

Ao assistir o primeiro episódio, duas coisas me passavam pela cabeça, a primeira era “como pode esses personagens serem tão feios”, todos eles variam entre o “sem graça” e o “porque você faz isso?”, algo que seria funcional em uma obra mais cômica, como Mob Psycho, mas aqui só está muito deslocado (ou talvez Gurazeni seja focado na comédia, e falha miseravelmente em alcançar isso). A outra coisa era “meu deus, como a qualidade de produção está baixa”, e não é (apenas) por ter uns bonecão de CG tosco durante todo o episódio, mas sim por que os bonecões fazem as mesmas 3 ações umas vinte vezes, TODOS os arremessos, no aquecimento, no jogo e até na abertura, são o exato mesmo arremesso.

Quando se tem obras deste tipo, a splash page é ridiculamente importante para empolgar o espectador, e com Gurazeni se focando num protagonista arremessador, o arremesso deveria ser a parte feita com maior atenção, não com um boneco repetindo uma animação genérica. Isto faz com que mesmo a premissa de uma história focada num jogador medíocre que tá lá só pelo salário seja interessantíssima nessa mídia tomada por adolescentes do ensino médio, o visual é tão abaixo do que deveria que não dá pra seguir em frente.

Hisone to Masotan

 

Se tem uma coisa que está em falta atualmente na indústria do anime, são obras originais. A maior parte do que sai temporada após temporada são continuações ou adaptações ou ainda adaptações de continuações. Por isso, sempre fico de olho quando algo original pinta, e assim encontrei Hisone to Masotan.

Hisone to Masotan é especial, tendo como series composition uma das melhores escritoras do mercado (Mari Okada), ainda conta com um dos melhores estúdios de animação atualmente, a Bones.

Mas saindo da staff e entrando no episódio em si, Hisomaso entrega o que precisa. Apresenta seu conceito, apresenta seu núcleo de personagens principais, e mostra a cena que compra o telespectador (o voo no final do episódio).

Conceitualmente, é uma história simples, a humana e o monstro aprendem a se relacionar, e o crescimento na relação deles é o que move a história para frente, e por isso, bons personagens são necessários. Neste quesito, estar nas mãos da Mari Okada me tranquiliza bastante, mesmo que alguns a achem muito melodramática, é inegável que o forte dela está na escrita dos seus personagens e no carisma deles, vide Gundam Iron Blooded Orphans ou Ano Hana.

E FINALMENTE terminamos essa série de textos, me sinto livre de todas essas estreias e livre pra atrasar todas as que eu decidi continuar até jogar metade no on-hold para todo o sempre, Brincadeiras a parte, essa temporada de primavera está bem forte, com coisas pra todos os gostos, e ainda dizem que a mídia está morrendo.

Deixe uma resposta