Temporada de Primavera 2018: A Torre de Sal do Guerrero Pt.2

Sejam bem vindos, queridos ouvintes, a mais um texto da Temporada de Inverno 2018. A segunda parte dessa sessão de automutilação, se quiser acessar a primeira parte clique aqui, e sem mais delongas, vamos a mais cinco estreias.

Gundam Build Divers

 

Eu sempre ouço falar muito bem da franquia Build Fighters, que apesar de ser claramente um meio para vender gumplas para crianças (assim como quase toda série de mechas), ela traz um bom roteiro consigo. Então, com o anúncio deste spin-off, e a falta de um Gundam novo para acompanhar semanalmente, achei que seria a perfeita oportunidade para dar uma chance.

Eis que entro no episódio 1 de maneira otimista. Esse otimismo vai sendo sugado de mim durante o episódio até eu me arrastar para encontrar motivos de terminá-lo e com isso lhes digo, Gundam Build Divers não é infantil, é infantilóide.

Primeiramente é estabelecido que os personagens estão em um ambiente de VR, sendo assim, são jogadores conectados a um game, não pessoas vivendo naquele ambiente. Então quando todo o “twist” do episódio é dado com um noobkiller fingindo estar passando mal, isso não me quer dizer nada. Não existe algo que os jogadores, a potencialmente milhas de distância, podem fazer ajudando o avatar, mas eles o tentam e são enganados pelo vilão.

Essa situação, por mais que possa parecer uma reclamação boba, me mostrou que a série não vai se preocupar em contar uma história coerente com o uso de um possível elemento isekai, e sim que será um cash grab do gênero popular do momento (ou de uns anos atrás).

Megalo Box

 

Voltando a pauta dos clássicos, esse ano Ashita no Joe faz 50 anos. E pra comemorar esta importante marca surge Megalo Box, um mangá de boxe futurista dá TMS Entertainment. Devo admitir que não sei dizer o quão parecido o roteiro é com Ashita no Joe, já que uma das minhas falhas é nunca ter consumido o mangá de Ikki Kajiwara e Tetsuya Chiba, mas vamos falar sobre Megalo Box de qualquer forma.

O primeiro destaque, é que Megalo Box é lindo, o trabalho de coreografia das lutas está ótimo e os momentos de moto também estão lindos. A paleta de cores e os character designs mais clássicos entregam algo refrescante aos animes de esporte.

A história, apesar de simples, é cativante o suficiente para em um único episódio nos fazer torcer pelo Junk Dog, afinal, quem não vai torcer pelo underdog que finalmente tem a chance de ser grande?

Outro destaque é a trilha sonora, bastante encaixadinha com os momentos chaves de tensão ou excitação.

Se você está procurando uma mudança visual, ou um bom anime de esporte, essa temporada não pode entregar algo melhor que Megalo Box.

Cutie Honey Universe

 

Falando em visual, clássicos e homenagens, temos mais uma adaptação de Cutie Honey, mangá clássico do Go Nagai que estabeleceu o gênero do Mahou Shoujo.

Essa nova versão feita pela Production Reed veio para homenagear os 50 anos de carreira de Nagai, mas empalidece tanto frente a outra homenagem realizada esse ano (Devilman Crybaby) quanto a adaptação lançada pela Gainax no formato de OVAs em 2004 (Re:Cutie Honey).

Começando pelo visual, Universe é uma bagunça. Os personagens não funcionam como conjunto vivendo no mesmo universo, eles são traços distintos demais. Os fundos são em sua maioria sem graça (uma das batalhas é feita em outra dimensão, que foi só uma desculpa para não ter cenário).

Quanto ao roteiro, ele não se dá ao trabalho de explicar nada, se você não conhece previamente, ficará perdido. É confuso ao ponto de outro membro deste site ter me perguntado se ele era algum tipo de continuação.

Quanto aos combates, eles são nenhum pouco empolgantes, ao ponto que comecei a torcer para eles acabarem logo na segunda metade do episódio. E para não dizer que falei só do negativo, a transformação dela é pelo menos bem feitinha.

Enfim, se está em busca de conhecer as obras do Go Nagai, Re:Cutie Honey se mantém como a melhor adaptação dessa obra, além de ser uma maravilhosa experimentação por parte dos diretores que participaram do projeto.

Persona 5

 

Se você acompanha os textos do Quadro x Quadro, sabe o quanto eu não gosto das adaptações de Persona. Eis que então, mais uma adaptação anunciada e eu precisava conferir o trabalho da A-1 Pictures.

Persona é uma das minhas séries favoritas, e se eu fosse rankear os jogos, o 5 estaria em segundo. Ele é o mais verborrágico da série, o que já pesa contra essa adaptação de 24 episódios, mesmo se cortarem todas as interações com os confidants ainda não vai caber todo o conteúdo na série, e isso por si só destruiria o senso de união entre o Rei e os personagens que o rodeiam.

Dito isso, olhando para o primeiro episódio isoladamente, sem pensar em futuro ou olhar para o histórico, ele funciona. SIM, ele continua tentando mimicar demais o material fonte e perde força própria com isso, mas ao menos ele dá tempo para a história respirar no seu ritmo, apresentando protagonista e ambiente sem se atropelar para chegar logo em alguma cena de ação.

Ainda assim, se a série manter esse ritmo (que seria o adequado, caso a intenção fosse entregar uma história de qualidade) eu diria que daria para chegar no terceiro, no máximo quarto, palácio, então, se querem uma dica, não assistam esse anime a menos que já tenham jogado o jogo e queiram ver o trem descarrilhar.

Devil’s Line

 

Eu me odeio, essa série de textos é uma prova disso. Às vezes procuro materiais de “qualidade duvidosa” para sofrer um pouco, afinal, o que é o doce sem o amargo? Em presepadas como essa, as vezes eu esbarro em pérolas escondidas ou coisas tão ruins que dão a volta e se tornam positivas, mas na maior parte do tempo, encontro algo no nível de Devil’s Line mesmo.

Devils Line é uma história sobre ghouls vampiros, protagonizada por Ken Kaneki Yuuki Anzai, um vampiro (ou meio vampiro, não ficou claro e na capa do mangá ele tem um olho humano e outro vampírico, hahahah, criatividade) que caça outros vampiros.

Até aí, tudo bem, se criatividade fosse ponto de virada, Black Clover não faria sucesso (ou talvez ele seja criativo, não consegui passar pelo primeiro capítulo para saber). Enfim, o primeiro episódio se foca no par romântico (?) do Yuuki descobrindo que o melhor amigo/interesse amoroso dela é um vampiro (novamente, criatividade estralando aqui), que é detido pelo nosso grande herói. Após isso ele a leva pra casa e, ao ver que ela estava sangrando, começa um cliffhanger que é basicamente uma tentativa de estupro rapidamente cortada pelos créditos com cenas dos dois  personagens de cunho romântico.

Eu não preciso nem me dar ao trabalho de dizer o quando essa série um completo lixo, o episódio fala por si nesse roteiro que só vai funcionar para esse ou aquele youtuber de anime que acha que obras adultas são aquelas que mostram gore e estupro.

Mas se não bastasse o roteiro tenebroso, Devils Line ainda é visualmente horroroso, os bonecos são tortos e mudam de design de um corte para o outro, durante a ação eles perdem toda a tridimensionalidade e ficam realmente parecendo duas chapas de papel.

Acho que desde Hand Shakers, eu não consumia algo tão ruim, e isso não é nem de longe um elogio.

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