Temporada de Primavera 2018: A Torre de Sal do Guerrero Pt.1

Chegamos a temporada de primavera de 2018, aquela que tá aí pra ser a melhor do ano, ou não. Eu fiz uma torre de sal ano passado e tentei ver todas as estréias, na metade do caminho percebi a minha própria burrice e desisti da ideia. Mas como a definição de loucura é repetir a mesma coisa esperando resultados diferentes, VAMOS LÁ DE NOVO (na verdade é só porque eu tinha umas 18 estréias interessantes e pensei, why not escrever sobre elas?).

Souten no Ken Re:Genesis

Hokuto no Ken é um clássico obrigatório para os amantes dos mangás de batalha. Publicado originalmente na WSJ nos anos 80, escrito pelo Buronson e brilhantemente desenhado pelo Tetsuo Harada. Eis que em 2001, a dupla lança a prequel, Souten no Ken, que durou até 2010. Então, em comemoração aos 35 anos da franquia, surge Re:Genesis, uma sequel da prequel, supervisionada pela dupla original e desenhada por Hideki Tsuji e escrita por Hiroyuki Yatsu, e é com base nesse mangá que temos o anime produzido pela Polygon Pictures.

Muito se discute sobre CG em animes, temos bons exemplos desde CGs pontuais, como Pop Team Epic até séries primariamente feitas em computação gráfica como Houseki no Kuni, assim como temos coisas atrozes como as leves inserções na segunda temporada de Shingeki no Kyojin e os inteiramente CGs Berserks de 2016 e 2017.

Infelizmente, Souten no Ken Re:Genesis cai mais próximo de Berserk que de Houseki no Kuni, com bonecos duros, ângulos de câmera completamente desinteressantes, que falham em passar tensão, personagens sem expressividade dificultando a transmissão dos laços que eles dão a entender que existem e a baixa qualidade das lutas.

O que nos leva a perguntar, por que alguém consumiria algo da franquia Hokuto no Ken em 2018? As respostas podem ser 3: a pessoa quer entender o desenvolvimento do gênero dos mangás de batalha; a pessoa quer um novelão dramático;  a pessoa quer gore com os bonecos explodindo em um espetáculo visual.

Seja qual for o viés que te interessa pela franquia, Souten no Ken Re: Genesis não entrega o que promete e deixa a sensação que deveria ter sido feito mais perto com o trabalho que a David Productions fez com Jojo’s Bizarre Adventures.

GeGeGe no Kitarou (2018)

Falando em clássicos, GeGeGe no Kitarou é um mangá que data dos anos 60, escrito por Shigeru Mizuki, a nova adaptação traz os contos para o século XXI com um visual muito estiloso e bem feitinho.

Como é o meu primeiro contato com a franquia, não sei dizer quão respeitoso com o legado a versão de 2018 feita pela Toei Animation é, mas me é um pouco estranho ver que aparentemente não teremos um formato episódico, graças ao cliffhanger deixado ao final do primeiro episódio.

Quanto a sobre o que fala GeGeGe, ele conta (de uma  maneira bastante direcionada ao público infantil) contos sobre o Kitarou e seu pai lidando com os youkais, no caso da versão de 2018, sendo acompanhados também pela humana Mana Inuyama, se tratando de uma aventura leve e descompromissada, ideal para se assistir semanalmente.

A única coisa que eu espero é que ele não se prenda muito a um arco de acontecimentos, já que essa não me parece a forma ideal de se experienciar esse clássico.

Captain Tsubasa 2018

Ainda retornando das catacumbas do passado, em mais um ano de copa era impossível ficarmos sem mais uma versão das jogadas impossíveis e diálogos imbecis de Oliver Tsubasa e sua trupe. O mangá originalmente lançado nos anos 80 (sendo companheiro de revista do já citado Hokuto no Ken) escrito e péssimamente ilustrado Yoishi Takahashi conta com continuações até hoje, mas o destaque fica por quem está adaptando o material, ninguém mais ninguém menos que a David Production (Jojo, Ben-To).

E o estúdio se aproveita disso para trazer uma versão bem Jojo de Super Campeões, com mudanças visuais e brilhos de aura que combinam perfeitamente com a galhofa que é ter uma disputa de pênalti entre um goleiro e um arremessador de dardo.

Enfim, é Super Campeões em sua essência, em toda sua estupidez e falta de lógica, escrita por alguém que não tem ideia de como futebol funciona. Você já sabe o que te espera, aquele roteiro que de tão ruim, fica tão bom.

Lupin III: Part V

Aparentemente não temos mais nada novo nessa vida, mas cá estamos com a quinta parte de Lupin, dessa vez nosso ladrão favorito está na França em uma história linear escrita pelo roteirista de Code Geass.

O parágrafo acima me dá muito medo, Code Geass não é lá a coisa mais bem escrita do mundo, e olhando para a parte imediatamente anterior da franquia que saiu em 2015, onde os piores episódios foram os “episódios de plot”, me fica claro que Lupin é uma franquia que foi pensada para ser episódica, foi assim que ela nasceu na literatura em 1905 nas mãos do Maurice Leblanc.

Porém, falando do episódio em si, a parte visual dele é bem próxima a parte 4 (até a cor do paletó é a mesmo, uma pena por sinal), destaques para a abertura e encerramento que estão lindos. O plot discorre com o Lupin roubando uma garota hacker e quebrando um código chamado de Marco Polo, a partir daí começa um jogo, uma espécie de caça ao Lupin. Então temos uma membro nova, algo que funcionou muito bem com a Rebecca, e a patota de sempre (Goemon, Lupin, Fujiko e Jigen) tentando dar um fim nesse jogo.

Pensando como um primeiro episódio, ele funciona, mas eu não sei quanto tempo vai levar para roteirista se perder nos twists dentro de twists que ele adora fazer e a série ir pro buraco, espero que isso nunca aconteça, mas recomendo cautela.

Tokyo Ghoul:re

Dos clássicos antigos para os não tão clássicos modernos, chegamos ao segundo ato de Tokyo Ghoul. O mangá escrito e desenhado por Sui Ichida ainda está em publicação na Young Jump.

A primeira pergunta que eu me faço é, para quem essa adaptação está sendo feita? Caso você não saiba, caro leitor, a segunda temporada de Tokyo Ghoul diverge bastante do material original (mesmo o final da primeira é oposto ao que ocorre no mangá) e o jeito que eles decidiram lidar com isso no re foi ignorar o que veio antes em anime. Ou seja, para aproveitar Tokyo Ghoul:re você precisa ler a série original no mangá, isso faz muito pouco sentido e aliena a audiência.

Mas como desgraça pouca é bobagem, o primeiro episódio adaptou quase um volume inteiro do mangá em vinte minutos, deixando tudo pra lá de corrido e removendo cenas que serão importantes para trabalhar o/a Mutsuki no futuro.

Tudo bem, vamos ter boa vontade e ignorar que eles estão correndo, ignorar que essa é uma adaptação que não se sustenta por si mesma. Se tirarmos tudo isso da frente, sobra um anime que destrói o trabalho visual do Ishida (mesmo que às vezes seja difícil entender quem é quem no mangá). O character design está genérico e robótico, alguns personagens só são reconhecíveis por causa do cabelo e conhecimento do material original (abraços Mado), os ambientes são sem sal e tem uma luta dentro de um táxi que ora ele é quase uma sala de tanto espaço entre os bancos, ora ele é um carro normal.

Tokyo Ghoul é o tipo de história (assim como Berserk) que funciona muito melhor em preto e branco do que em colorido, dentro dos próprios mangás que utilizam tonalidades de cores diferenciadas e escolhidas a dedo. Quem dirá funcionar em uma paleta genérica e morta como essa da adaptação feita pela Pierrot. Então, se quer um conselho, não faça isso consigo mesmo, não veja o re.

E com essa bela imagem, damos por encerrado a PARTE UM DA TORRE DE SAL DO GUERRERO, até a próxima.

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