Ramen/Lámen: do livro para os restaurantes. Primeira parada: Jojo Ramen

Shoyu Ramen no Jojo Ramen

A gente sempre vê nos mangás e animes aquela maravilhosa tigela de ramen sendo servida e sempre tive aquela vontade de conhecer mais do prato – que evidentemente, se mostra muito além do meu raso conhecimento padrão brasileiro da culinária japonesa.

Não é difícil encontrar numa busca do Google, ou nos aplicativos de delivery um restaurante que prepare o famoso prato, porém eu nunca realmente entendi tudo o que compunha um ramen. Eis que em setembro de 2022, a editora JBC lança o livro Ramen/Lámen de Jo Takahashi – um guia completo sobre a história, elementos e variedades de ramen.

Livro: Ramen/Lámen de Jo Takahashi
O livro é magnífico. Pode ser encontrado para compra na Amazon.

E pra melhorar tudo, o autor inclui entrevistas e críticas aos restaurantes brasileiros de ramen, principalmente os de São Paulo!

Então, inspirada pelo livro (que você pode comprar na Amazon, com o link do QuadroxQuadro: https://amzn.to/3ipIsQ0), me vi cheia de vontade de sair experimentando por São Paulo diferentes ramens e dessa vez, com mais consciência depois de tudo que aprendi com o livro.

Eu sou chef? Não. Eu sou especialista em ramen? Não. Eu sou uma crítica gastronômica reconhecida? Não. Eu sou apenas uma otaka véia e curiosa pela culinária japonesa. E se você também é desses, tão curioso e leigo quanto eu, vem de review dos ramens de São Paulo! Aqui vou falar um pouco da minha experiência e dos sabores! E quem sabe a gente aprende um pouquinho juntos? 😀

Até porque, não pense que vai ser com zero embasamento porque eu não começo do zero nunca, tenho um ponto de partida: o livro de Ramen/Lámen de Jo Takahashi.

A chegada no Jojo Ramen

Interior da casa de Ramen: Jojo Ramen
Interior do restaurante Jojo Ramen

Eu tive muita sorte. Quando resolvi começar minha jornada pelos restaurantes de ramen citados no livro, foi bem em janeiro – e a gente sabe o calor desgracado que costuma ser. Mas no dia 7 de janeiro, um sábado, estava fazendo um delicioso tempo de 18º C em São Paulo, um clima perfeito para ramen.

O escolhido foi um dos mais tradicionais do bairro da liberdade, já com 20 anos de existência, o Ramen Aska – que é o primeiro restaurante recomendado no livro. Mas ainda bem que eu resolvi dar uma olhada no Google. Encontrei o Instagram deles e descobri que eles estavam fechados por conta do recesso de fim de ano. Ficou pra outro dia.

Então fomos pro próximo: Jojo Ramen, no bairro Paraíso, próximo à Avenida Paulista. O livro traz duas opções de endereço: Jojo Ramen e Jojo Labs, sendo que o primeiro traz uma proposta de seguir o ramen tradicional de Tóquio e o segundo um pouco mais inovador e com outras propostas.

Fiquei em dúvida no começo, mas como era só o começo da jornada, resolvi ir no tradicional mesmo.

A fila do JoJo Ramen

Chegamos às 20:22 e colocamos nosso nome na fila, e já fomos avisadas: aquele era um dia atípico e a espera era provavelmente de 1h50.

Ainda bem que a mamãe aqui faz academia, o que me possibilitou ficar 2 horas e 20 minutos de pé, esperando. Isso mesmo. E bom também que chamamos mais dois amigos pra papear. E, sim – só entramos no restaurante às 22h40 (ta chateado, Outback?)

Na entrevista dada ao livro, Simone Xirata, dona do Jojo Ramen, diz que “para o modelo de negócio do ramen, de oferecer um produto de qualidade a um preço acessível, precisamos ter um restaurante enxuto, com uma capacidade menor e um rotatividade maior. As filas demonstram que o público reconhece a qualidade da comida oferecida e o atendimento”.

Tá, eu realmente tava de boa de esperar, mas isso foi inesperado. Fico pensando se não há um dilema nos donos de restaurante de ramen ao ver o tamanho da fila e a quantidade grande de pessoas que acabam desistindo.

E assim… Graças a Deus tinha um boteco do lado, e deu pra gente comprar uns chocolatinhos pra disfarçar a fome kkkkkrying

Entramos no Jojo Ramen!

Depois de um papo muito loco cozamigo que foi do transporte público de campinas, à história imperial da China, do Cazaquistão e até fofocas edificantes, finalmente conseguimos entrar.

Na entrada você já pode dar uma conferida no cardápio: em uma parede há painéis que ilustram e descrevem os pratos. Inclusive, seria legal pedir pra um designer refazer esses painéis porque tem erros de digitação e diagramação neles (que que foi NewPop? Tô falando de você, não, cara).

Cardápio Jojo Ramen
Cardápio na entrada do Jojo Ramen

E assim, mesmo com as descrições, quem não tem a menor ideia de culinária japonesa, realmente não vai entender a diferença de um prato pra outro e seus elementos. Devo dizer que não sei bem se isso é um defeito ou não dos restaurantes tradicionais – porque mesmo sem entender as palavras, eu fiquei mais de 2 horas na fila, né? Então o povo (e eu) gosta. Acho.

O cardápio do Jojo Ramen

Haviam três opções. O ramen tradicional; o da casa (Jojo Ramen), que basicamente é o ramen tradicional com mais volume de cada acompanhamento; e o tsukemen, um tipo mais moderno, com caldo separado e com temperatura ambiente, bem legal pro verão.

Dentre cada tipo de ramen, há a divisão pelo tipo de base do caldo: shoyu (molho de soja), missô (do missoshiru mesmo), shio (sal) e kara misso (apimentado). Aqui é legal falar que dependendo da base do caldo, a grossura do macarrão vai variar. O macarrão Hossomen é o mais fino e o futomen, mais grosso. Existe essa diferença, segundo o livro, porque o futomen é mais recomendado para caldos mais encorpados, como o missô.

De acompanhamentos temos chasu (porco), menma (broto de bambu), cebolinha, nori (alga), e hanjuku tamago (ovo temperado no shoyu).

Escolhi o Ramen Jojo Shoyu, porque eu tava atravessada de fome, e também porque, na minha memória, ele é mais salgadinho e mais saboroso do que o misso, mas sendo bem sincera, depois de experimentar o caldo da minha amiga que pediu o de misso, não achei que essa realmente fosse a diferença. No livro ele chega a dizer que o misso tem mais caldo de porco e o que o shoyu pode ser um tanto adocicado.

Ramen Jojo Shoyu
Ramen Jojo Shoyu

Enfim, acho que essa será uma diferenciação que vou entender depois de comer mais. Por que sim, dessa vez eu quis ir no safe, mas quero voltar lá um dia pra experimentar o misso e o shio.

Itadakimasu!

Agora chegou a hora de comer. Como dessa vez eu fui de forma mais consciente, eu me atentei mais ao cheiro, texturas e ao sabor em si.

E meu pai amado, que cheiro DELICIOSO.

Falei ali que a base do caldo é shoyu, mas pelo o que entendi do livro (e vou desmembrar isso melhor nas próximas reviews) os elemento que dão sabor ao caldo variam! No caso do Jojo Ramen, por ser tradicional de Tóquio, acredito que são ossos de porco e galinha e pitadas de peixe seco – falando assim parece estranho, MAS É BOM DEMAIS!

Cada bocado no caldo realmente enche a pança de alegria. Fui bem devagar pra entender os sabores – claro que não entendi nada (desculpa pela péssima review gastronômica kkkkrying) mas percebi uma coisa de diferente: senti o caldo um pouco mais gorduroso do que eu já comi outras vezes. Não que isso seja ruim!

A carne era extremamente macia. O ovo trazia a gema semi dura, e o macarrão realmente escorregava pela garganta sem que eu realmente percebesse.

Não sei se tá certo, mas eu não consegui evitar de tomar uns goles de chá gelado durante uma golada e outra do ramen – ajudava a limpar o paladar bastante carregado de sabor que depois de um tempo fica sim meio enjoativo.

Mas por ser um dia mais friozinho e porque a companhia estava ótima, acredito que tudo o que me levou até ali valeu a pena 🙂

Ao final comi tudo IEI, e ainda repetiria 🙂

A nota de uma otaku que ta só começando no mundo dos ramen é 9/10. Eu senti falta de mais toppings, e sendo bem sincera, DUAS HORAS E VINTE MINUTOS É DIFÍCIL.

Mas, com certeza voltarei 😀 Até porque vi uns karages enormes que preciso provar!

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