Jujutsu Kaisen 0: A Gênese de Tudo – Review

Jujutsu Kaisen 0 é um mangá de 1 volume lançado em 2017. O mangá foi escrito e ilustrado pelo Gege Akutami (No.9, Nikai Bongai Barabarujura) se tratando de uma prequel de Jujutsu Kaisen. O quadrinho foi publicado em quatro capítulos na Jump GIGA (Boku no Hero Academia Illegals, Sahara the Flower Samurai) e seu sucesso garantiu a serialização do autor na Shonen Jump. O mangá chega em março no Brasil pela editora Panini.

Sinopse: O estudante colegial Yuuta Okkotsu deseja ser executado porque sofre com as ações de Rika Orimoto, espírito rancoroso que o possuiu. Enquanto isso, Satoru Gojou, professor que ensina a exorcizar “maldições”, transfere Yuuta para a Escola Técnica Superior de Jujutsu de Tokyo. (fonte: Panini Comics)

Um sentimento bastante recorrente que eu tenho com mídias de maneira geral é que, quanto mais limitado for o espaço pra um autor trabalhar sua ideia, mais do processo de criação dele vai ficar aparentemente. E não digo isso como uma crítica, é apenas que o autor se vê forçado a cortar o que considera desnecessário e ser o mais preciso possível com a história que ele quer contar.

E pra mim Jujutsu Kaisen 0 é um exemplo muito forte disso. É muito claro na leitura as prioridades do Akutami, sejam na hora de caracterizar os personagens, seja nas batidas de roteiro. Ele é um autor que gosta muito de construir duas linhas paralelas, uma do vilão e outra do mocinho, que vão correndo e se influenciando, ao mesmo tempo que se comentando, pra conectar no final.

Para quem acompanha Jujutsu Kaisen normal, isso é, em linhas gerais, o que aconteceu no gigantesco incidente de Shibuya. Mas de forma semelhante, o mesmo ocorre aqui nesse mangá de quatro capítulos. Jujutsu Kaisen 0 é um mangá sobre perdas, luto, e conexões que foram muito fortes, mas não estão mais lá. É nesse sentimento que o nosso protagonista da vez, Yuuta Okkotsu, está afundado. Mas ao chegarmos no final, vemos que essa quase que nostalgia também está prendendo tanto o Satoru Gojo, quanto o Suguru Getou.

Fazendo um desvio então para comentar da arte do quadrinho, Jujutsu Kaisen 0 é uma versão naturalmente inferior a seu sucessor. Mas o tempo extra dado pela periodicidade de publicação (a GIGA é mensal) permitiu ao Akutami compensar relativamente bem pela falta de experiência. Ainda não chega nos momentos mais altos do mangá atual, mas dá pra ver os vislumbres do verdadeiro monstro que o artista se tornaria pouco menos de 3 anos depois.

Outra vantagem importante dessa prequel ter sido escrita antes da versão que ficou famosa é que, mesmo que claramente seja visível a possibilidade de se expandir o universo, não temos aquela tonelada de piscadelas pro fandom que servem propósito nenhum dentro da história em si. Jujutsu Kaisen 0 é um trabalho bastante autocontido, e funciona inclusive como porta de entrada para essa história.

Se tem uma coisa que, sem sombra de dúvidas, fica devendo nessa prequel são os diálogos. Ainda temos momentos aqui e ali de piadinhas bem encaixadas ou frases bem pontuadas, mas num geral os diálogos são bastante mornos e formulaicos. É possível que parte do problema ser já conhecer esses personagens no futuro, mas sinto que eles soam um tanto parecidos uns com os outros, e inverter falas entre eles faria pouca diferença. Outro probleminha meio recorrente é que os personagens ficam expondo o roteiro de maneira pouco natural. Eu sei que é muito pela já dita limitação de espaço, mas não deixa de dar uma certa incomodada na leitura.

Uma outra questão que eu achei muito interessante foi como a história lidou com o protagonista. O Yuuta tem uma escalada bem íngreme de nível de poder, mas em momento nenhum parece barato ou fora de controle. Isso acontece por dois aspectos, o primeiro que a luta final é realmente a culminação de tudo que ele mudou até ali, e o segundo é o poder da Rika. É bastante claro que a Rika é um embrião para o que viria a ser o Sukuna, mas ao mesmo tempo ela é sua própria coisa. E justamente por ser autocontido num volume só, a história não precisou se preocupar com o power creep explodir, e se permitiu escalar o quanto fosse necessário.

E mesmo falando da personalidade dele, o Yuuta que termina essa história é um cara muito mais confiante que a completa pilha de nervos que apareceu no começo. É bastante palpável o quanto aquele um ano de treinamento e contato com os colegas de classe moldou ele e permitiu que o mesmo saísse da própria casca. Permitiu que o Yuuta conseguisse abrir mão e libertar a amiga de infância, se tornando um adolescente e lidando com o próprio trauma.

Jujutsu Kaisen 0 é uma boa leitura, você conhecendo ou não a série principal. Aos navegantes de primeira viagem, um volume único empolgante e bem desenhado com um elenco que, ainda que não no seu melhor, interessante o suficiente pra te fazer virar as páginas. Aos já fãs do mangá principal, se adiciona toda uma camada de como as coisas começaram, e umas pinceladas das relações dos segundanistas com o misterioso Yuuta.

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