Torre de Sal de Veraneio 3: Tão querendo comer as criancinhas

É chegada a terceira parte do meu guia de sobrevivenca da temporada de inverno 2019, e quanto mais ele avança, mais eu questiono porquê me sujeito a tal provação. Sem mas delongas, fiquem com mais quatro estreias da temporada.

Watashi ni Tenshi ga Maiorita!

Baseado num mangá 4-koma publicado na Comic Yuri Hime e escrito por Nanatsu Mukunoki, sua adaptação está a cargo do estúdio Doga Kobo, com direção de Daisuke Hiramaki.

Bom, pra quebrar as defesas, Comic Yuri Hime é uma revista (obviamente) de yuri. Para quem por ventura desconheça, yuri é, simplificando bem, o gênero de romance lésbico.

Agora vamos a sinopse de Watashi: “um dia, a aluna da quinta série Hinata, trás pra sua casa a amiga Hana, e sua irmã Miyako, uma universitária, se apaixona por Hana a primeira vista”.

Eu realmente preciso dizer mais alguma coisa? Mas vou mesmo assim. Esse foi um anime complicado, eu me sentia sujo a cada minuto que passava e eu continuava olhando pra tela, naquela tentativa parca e porca de passar um pano pra pedofilia, tentando jogar um lado cômico, tentando desviar para uma visão romantizada. E ainda por cima, a qualidade da produção é alta.

Enfim, absolutamente asqueroso, e peço a gentileza de não tentar dar desculpas nos comentários para isso aqui, grato, a gerência.

Kemurikusa

E mal começamos o ano, já temos um forte concorrente ao prêmio Souten no Ken de pior CGI. Kemurikusa é um anime original da Yaoyorozu, com direção do Tatsuki (Kemono Friends).

Eu dei chance pra esse anime principalmente por causa do sucesso que Kemono Friends fez uns anos atrás. Mas foi algo que se mostrou um erro. A começar que o anime é bastante feio, com um CGI de baixa qualidade, com problemas de colisão e personagens entrando um dentro do outro, além de alguns problemas de clipping eventuais e movimentos com a fluídez do Final Fantasy VII.

Depois disso, temos uma ausência de qualquer tentativa de criar uma ambientação pra história, você é arremessado no meio, e as coisas vão acontecendo sem um trabalho de fazer o espectador absorver aquela história.

Nos quesitos ainda do como a história é contada, os enquadramentos são pouco inspirados, passando a clara sensação que faltou um trabalho de storyboard para passar do script pro animado. Inclusive, ainda no visual, as personagens não encaixam nem um pouco com os cenários, nem em tom e estilo, nem no trabalho de iluminação, pós produção mandou abraços.

Promised Neverland

Promised Neverland é um dos grandes nomes da Shonen Jump atual, com roteiros de Kaiu Shirai e arte de Posuka Demizu, é um dos medalhões da temporada de inverno 2019, junto de Tate no Yuusha e a segunda temporada de Mob Psycho 100. A adaptação pra anime ficou a cargo da Cloverworks (Darling in the Franxx), com direção de Mamoru Kanbe (Elfen Lied).

Esse primeiro episódio de Neverland me entregou tudo que eu queria de uma adaptação do mangá. Uma construção boa de tensão e suspense, um trabalho excelente de animação, e uma acertada nos traços da Posuka, que por ser primariamente ilustradora e não quadrinista, deixa a desejar na arte semanal em preto e branco.

Eu queria ressaltar que o trabalho da direção está realmente muito bem feito, algo que fica evidente principalmente nos minutos finais, com o longo momento sem trilha para fazer a grande revelação que é a fagulha pros acontecimentos vindouros.

Mas nem tudo são flores, e algumas adições por parte do anime optaram por abandonar o método mais sútil das dicas de sua contra parte mangá, para um método bastante na sua cara, que me desagrada um pouco.

Mesmo assim, Neverland se firma como uma das melhores estréias dessa temporada, só é uma pena que esse é o único arco realmente bom do mangá.

Rinshi!! Ekoda-chan

Anime baseado em um mangá de comédia obscuro da Afternoon com doze diretores, um por episódio, tendo sua visão sobre a personagem e depois discutindo ela num mini documentário que vem junto ao episódio?

Se você leu o parágrafo a cima e não se sentiu impelido a assistir Ekoda-chan, bom, eu não sei o que mais o faria. Mas preciso dizer que eu estou maravilhado. Desde os cinco minutos iniciais, que são de fato a parte em animação, com um timing cômico muito bom, até a maravilhosa entrevista que mostra o que se passa na cabeça de cada diretor, nesse caso, do Akitaro Daichii, Ekoda-chan é uma experiência que merece ser tida.

Mas de todas as certezas que eu tenho nessa sequência de textos, é que ninguém vai parar eu isekai genérico número 42 para assistir um anime “feio”.

 

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