Arco x Arco: Fairy Tail #05 – Batalha da Fairy Tail

Eu só queria dizer, que estou muito orgulhoso dessa sacadinha merda no título dessa edição da nossa jornada por Fairy Tail. E que esse texto abrange dos capítulos 103 ao 128, dos volumes 13 ao 16.

Fairy Tail de casa nova

 

Este comecinho tem muita coisa digna de destaque. Inclusive acho interessante como isso é uma constante em Fairy Tail, bastante coisa relevante acontece no começo do arco, e depois tem uma lutinha merda.

É interessante notar a escala do ecchi em Fairy Tail neste momento. Fairy Tail sempre teve ecchi, isso é inegável, e é inclusive desse jeito que a Lucy é apresentada (na época em que ela era muito mais uma proto Nami que atualmente), mas fora colocações muito pontuais, normalmente voltadas para comédia, o mangá quase não o tinha antes. Se tornou mais presente na Torre do Paraíso (com episódios como a luta da Lucy, ou os momentos de praia), e aqui ele aumenta mais um tanto.

Eu acho isso curioso, porque Fairy Tail é conhecido por ser o mangá que coloca uma personagem feminina chorando com os peitos em primeiro plano e a cara da menina em segundo. É curioso ver que esta nem sempre foi a realidade, o que pode denotar se tratar de uma decisão mais mercadológica que autoral, por assim dizer.

Outra coisa, dessa vez boa, sobre este comecinho de arco é como ele utiliza o capítulo de comédia que parece quase um filler pra ele servir como o ponto de virada que inicia o arco. O Mashima realmente conseguiu fazer tudo fluir muito naturalmente.

Falando em naturalidade, eu falei no meu terceiro texto (aquele sobre a Phantom Lord) a seguinte frase para descrever a luta entre o Natsu e o Gajeel: “(…) ele bate nos colegas de trabalho e tortura pessoas por prazer, então ver ele sendo porrado continua sendo prazeroso (…)”. E qual o problema nessa frase?

exposição é o meu nome do meio

O problema, é que o Gajeel está de volta, agora como membro da Fairy Tail, e a questão é, não dá pra pegar um personagem que tortura os outros e curte, e mandar um “foi mal galera, tava doidão” para apagar tudo que ele fez. 

Ele não foi apenas um vilãozinho que se redimiu, ele crucificou três membros da Fairy Tail, que o mangá martela serem uma grande família. E NINGUÉM DÁ UMA FODA pra isso com exceção dos três crucificados e o Laxus.

E isso é um problema que battle-shonens normalmente têm. Acontece em grande parte deles. Redimir pessoas que claramente cruzaram uma linha da qual não se pode retornar com um “desculpa aê”. E o Mashima ADORA fazer este tipo de merda, esta não vai ser a última vez que ele vai fazer isso dentro do mangá.

Mas o Gajeel voltou mesmo assim, porque o design dele era bom demais para ser descartado, porque ele era um rival que o Gray nunca conseguiu ser, e porque ele era um dragonslayer. Eu não tenho problema com o retorno dele (inclusive meu lado adolescente edgy acha ele foda pra caralho), mas pelo menos demonstre que ele mudou, e não apenas faça os personagens ao redor ficarem falando que ele mudou, como nessa página simplesmente terrível que o tá no capítulo 105 e daria vergonha no Kurumada por tamanha exposição.

Hora do Battle Royale

 

Bom, enfim, após o início do concurso de beleza com mais uma dose de ecchi, é dado início aos momentos de porradinha do arco. E eu acho interessante o plano do Laxus, como ele está em clara desvantagem, espalhar runas pela cidade forçando os próprios amigos a se enfrentar diminuiria o poder da Fairy Tail “do lado do Makarov”, mas temos alguns problemas.

A começar pelo fato de que eu não me importo com 90% do elenco de figurantes de Fairy Tail, personagens que possuem uma linha de diálogo no máximo e são gags. Talvez se o autor tivesse dado mais tempo fazendo missõeszinhas, e em cada uma delas tivesse me apresentado uns 2 ou 3 eu me importaria em algum nível. Mas da maneira que foi feito são só uns randoms se batendo e o texto tentando vender que eu deveria me importar.

Isso se agrava quanto todas as personagens femininas, juntas ao Natsu e ao Gajeel estão impossibilitadas de entrar em combate, que são justamente os personagens que o Mashima se deu ao trabalho de explorar, daí sobra quem? O Gray? O Elfman?

Fora isso temos a tão falada Tribo do Deus do Trovão. O trio de inimigos deste arco compostos por Evergreen, Freed e Bickslow, o time mais forte da Fairy Tail. A menos que o time mais forte da Fairy Tail seja o time liderado pela Erza, e isso é um problema.

Isso é um problema porque o que vale para o leitor, normalmente é aquilo que foi apresentado primeiro, então quando esses personagens surgem de forma artificial para o Laxus não estar sozinho, é muito complicado de comprar a força deles.

Seria muito mais interessante narrativamente, se parte da guilda que já é de conhecimento do leitor debandasse para o lado do Laxus. Essa cisão de pessoas que concordam com uma nova visão então entrasse em conflito, algo que a Marvel fez no arco Guerra Civil, por exemplo.

Os buchas perdem, que venham as mulheres

 

Como eu disse, apresentar personagens e dar o título de “o time mais forte” não funcionaria na atual conjuntura do mangá. Então o Mashima precisava mostrar que estava sendo sério, e pra isso, nada melhor que usar uns buchas.

O primeiro deles sendo o Reedus, personagem terciário da guilda, que não serve nem para apresentar o visual do Freed, já que a luta se dá inteiramente em offscreen e o Freed já é mostrado invadindo uma guilda das trevas momentos antes.

O segundo deles e antigo rival do Natsu, Gray, serve ao menos para apresentar os poderes do Bricslow, desde o básico até a gimmick, e dar uma pincelada na ideia de personalidade do personagem. E esse é o prego no caixão do  personagem do Gray, de dono de um arco dedicado, passa a ser o cara que serve para apresentar o nível de poder do adversário, é como ser o Vegeta e depois passar a ser o Yamcha.

nada é mais cool que refletir bombas com os pés

O terceiro da lista é o nosso querido Elfman, que é derrotado em apenas um hit pela Evergreen, ao menos servindo para apresentar o poder dela, uma vez que o design e a personalidade já tinham sido mostrados anteriormente.

E então, eu disse que era uma ideia interessante colocar personagens da própria guilda se enfrentando contra a vontade. Ao menos em condições ideais como você se importar com os personagens. Só que para dar um sentimento de tensão, o Mashima neste comecinho de arco já fez todos os coadjuvantes serem derrotados. A partir daqui vai ser, Fairy Tail que você já está acostumado, contra esses personagens novos e o Laxus.

Isso tira desse arco o único gosto especial que ele tinha, que era os personagens que você, em teoria, gosta se batendo, e demonstra mais uma vez a falta de um planejamento mínimo do autor.

Mas ao menos recebemos aquilo que queríamos, com uma conveniência absurda, a Erza se liberta, derrota a Evergreen, e as garotas da guilda, também conhecidas como únicas personagens fora do grupo principal a receberem algum destaque, partem para a linha de frente.

Segundo round

 

E foi com a despetrificação das meninas que o Mashima percebeu: “ué, agora não tem mais como esse arco continuar”, então ele trouxe a ideia original, “bom, fiz uma corrida contra o tempo para esse arco, mas que tal eu fazer outra?” Com isso, em nosso quinto arco, já temos SETE corridas contra o tempo, com o ranking em primeiro lugar para Phantom Lord e Batalha da Fairy Tail, com 2 cada.

Apesar da falta de originalidade, é inegável que esse segundo round é a melhor parte do arco. Só seria melhor que o Hall of Thunder fosse a bomba relógio do arco desde o começo, com as estátuas sendo apenas um extra.

E essa é a melhor parte não apenas por ser aquela com os personagens com os quais você se importa, mas também porque o Mashima melhorou muito na construção das cenas de ação, que eram muito qualquer coisa no começo do mangá e aqui já estão muito mais bem-feitinhas.

Se é pra falar das lutas em si, acho interessante começar por Juvia e Cana contra Freed, uma luta que termina com a vitória do Freed sobre as duas, mas é interessante por reafirmar as decisões da maga aquática enquanto membra da guilda. Tudo bem que é meio que um repeteco da luta dela na Torre do Paraíso, mas considerando que lá foi um evento mais isolado, acho válido ela se repetir aqui.

E falando em repetições, dessa vez o Mashima criou um espelho com o arco de Phantom Lord, desde lá ele vem plantando o descontentamento da Mirajanne em ter se tornado “inútil” para a Fairy Tail devido a perda da irmã. Então, ao estar em uma posição oposta a que o Elfman estava quando conseguiu passar por cima do trauma, é a sua vez de aceitar as perdas do passado.

É impressionante como funciona bem essa parte mais emocional nesse núcleo Mirajanne-Elfman. Eles são personagens de segundo, quase terceiro escalão, mas as poucas interações deles passam uma boa veracidade. Talvez só funcione exatamente por eles estarem tão distantes do primeiro plano quanto estão.

E essa parte do arco também é a que dá mais umas pinceladas na presença do Gajeel na guilda, desde plantando a ideia de que ele talvez seja um agente duplo, até as interações com a Levi que, apesar de breves, dizem muito sobre o arco de redenção que o personagem está passando. Inclusive dizem muito mais que aquela merda de página expositiva do começo do arco.

O Deus do Trovão

 

O Laxus é um dos vilões de arco mais, ouso dizer, complexos de Fairy Tail. Digo, até aqui tivemos o que? Um monte de vilões finais sem graça e um desperdício de final boss? Dentre eles o objetivo minimamente mais interessante o do Shinigami, mais interessante por conceito do que por execução.

E dessa fonte de inimigos sem graça sai um personagem conflitado, que ama sua guilda ao ponto da idolatria, que teme ficar pra sempre a sombra de seu avô enquanto tenta afastar o fantasma de falha que é o seu pai. É um ótimo personagem, desperdiçado na mão de um autor meia boca, como tantas outras ideias jogadas ao vento por Fairy Tail.

E ainda melhor é quando ele está enfrentando o Natsu ao mesmo tempo que, mesmo que inconscientemente, está preocupado com a destruição da cidade que a bomba relógio dele vai causar, o que culmina no uso da Fairy Law. Ela é a magia mais poderosa já apresentada, que extermina qualquer um que o mago vê como inimigo, e quando Laxus a utiliza, ele não fere ninguém.

Claro que nem tudo é perfeito nessa conclusão de arco, a começar pela idéia mais do que idiota de fazer o Mistgun ter a cara do Jellal. Se fossem outros tempos, tempos esses em que ele já não tivesse descartado o vilão, seria muito mais interessante e acrescentaria bastante para a expectativa de quando viria um arco sobre o tal Jellal. Mas agora? É só deselegante.

E a outra coisa é o Laxus ser um dragonslayer…SÉRIO? Todo arco agora vamos ter um slayer alguma coisa? Essa magia perdida que devia ser raríssima? Como fizeram um lacrima de uma magia perdida? Se fizeram um lacrima, podem fazer vários? Esse mundo de Fairy Tail não faz sentido nenhum

 

Quando as “homenagens” vão longe demais

 

Então, começa o finalzinho de arco, que rende a bela expulsão do Laxus, num momento bastante tocante. Mas o autor não podia parar por aí.

Então, ao fazer o desfile e MAIS UM FLASHBACK DO LAXUS COM O MAKAROV, ele decide fazer a cena que talvez seja levemente parecida com uma contraparte infinitamente mais icônica e carregada de significado de um pequenino mangá chamado One Piece, mas se não acredita em mim, uma imagem comparativa vale mais que mil palavras.

E é com essa “homenagem” que encerramos o texto dessa semana, no próximo vamos descobrir com quantos dragonslayers se faz um arco.

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