Pop Team Epic: Uma ode ao experimentalismo

Uma das partes que mais gosto no consumo de arte é a reflexão e a construção de uma opinião após a apreciação. Isso faz com que eu prefira consumir coisas ruins a coisas medíocres a coisas boas na imensa maioria das vezes. E se tem uma coisa da qual Pop Team Epic não pode ser acusado, é de ser medíocre.

Pop Team Epic é a animação que adapta o mangá homônimo escrito por bkup Ookawa feita pelo estúdio Kamikaze Douga e é um anime de comédia focado em humor de referência e situações absurdas (algo nas linhas de Panty & Stocking). PORÉM, é importantíssimo deixar claro, Pop Team Epic não é pra todo mundo (e isso é ótimo).

Empurrando a mídia para frente

 

Muito se vê internet a fora pessoas que olham para o sistema de temporadas atualmente vigente como uma massificação das produções e perda da autoralidade nos animes, desde character design até paleta de cores, os “animes de temporada” como são conhecidos acabaram por se homogeneizar (com notáveis exceções das produções de estúdios como Kyoto Animation, Shaft, Trigger e alguns outros), algo inescapável com o aumento da escala de criação.

Só que essa massificação vem com um preço, a quantidade de pessoas arriscando formatos diminuiu consideravelmente. Basta pegar a versão atual de Cardcaptor Sakura que usa a paleta de anime genérica número 12, e é aí que entra Pop Team Epic.

O anime da Pipimi e da Popuku decidiu lançar mão de uma tonelada de estilos visuais diferentes. Temos CG, pintura em vidro, animação a mão, sketch, live action, animação padrão, page flip, pixel art, stop motion com bonecos de lã, cada qual sendo utilizada para um estilo de piada ou “sub série” digamos assim, e se utilizando de algo que apenas a animação permitiria.

Isso já faz de Pop Team um dos trabalhos mais diferentes da mídia nessa década, a obra é um resultado da era em que vivemos e não existiria em um ambiente não globalizado com interações rápidas e trocas de culturas instantâneas.

Mas não é só visualmente que Pop Team Epic é um trabalho de “resistência a indústria” (levemente literal se você assistiu ao último episódio), como também em seu trabalho de dublagem, onde cada episódio tem 4 dubladores (a maioria medalhões da indústria) fazendo a Pipimi e a Popuku. Isto foi feito porque na produção, a equipe não conseguia enxergar uma série de tamanho “normal” pro anime, fazendo com que ele fosse re-exibido logo na sequência com mudança de dubladores e em algumas esquetes, rendendo a ultimate piada metalinguística no último episódio.

 

Além das referências

 

Se você me acompanha no twitter (pare, não é saudável) deve saber que eu detesto coisas como Jogador Nº1, produtos focados no público nerd que, como diria o Red Letter Media “I clapped when I saw Darth Vader” (em tradução livre, eu bati palmas quando vi o velho Vader), ou seja, tanto faz o que você está escrevendo, só quero fanservice de coisas que já conheço.

Felizmente Pop Team está além disso, seja testando os limites da mídia, questionando o que é “animação de qualidade” ou parodeando séries consagradas, a piada não está em mimicar o conhecido, está em ridicularizá-lo, e esse texto podia ficar maior, mas me desculpe eu estava pensando no Hellshake Yano.

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