Godzilla: Planeta dos Monstros é um terror

Eu gosto de consumir coisas ruins. Ver as paradas ruins e entender o motivo delas o  serem auxilia na hora de entender porque o bom é bom. Por outras vezes, assistir coisas ruins pode render gostosas gargalhadas. Godzilla: Planeta dos Monstros cai na primeira categoria, e nesse texto eu pretendo explicar o porquê.

Personagens?

Personagens são um dos pilares de uma obra. Muitas vezes o mais importante na hora de determinar a qualidade da mesma, e neste filme são um sintoma do problema que percorre pelas outras partes do mesmo, eles são péssimos. Começando pelos designs que são totalmente genéricos (tem uns 3-4 personagens loiros que eu não consegui diferenciar até três quartos do filme), passando pelas motivações que são pouco trabalhadas e chegando na construção inexistente.


 

Os personagens não mudam do começo ao fim do filme. Nenhum deles. Chega a ser triste o quão vazio eles são. Quanto a motivação, além da padrão de encontrar um lugar pra se viver, e a vingança especificamente por parte do protagonista, não há mais nada ali realmente trabalhado.

O filme nos apresenta alguns arquétipos de personagens, temos o anti-herói a procura de vingança, temos o personagem religioso (que ninguém imagina qual será o twist desse personagem, não é verdade?), o professor e a mulher. Tá, tem uns outros, mas eles são menos que arquétipos de tão importante que é sua presença, então não vou me dar ao trabalho de ficar enumerando aqui.

Enfim, voltando ao anti-herói a procura de vingança, ele é o nosso protagonista. Viu os pais serem mortos na infância pelo Godzilla e agora quer vingança em nome do orgulho da raça humana. E é isso. Esse é todo o personagem do Haruo, e olha que ele é o personagem mais bem caracterizado do filme.

Ainda falando do nosso “querido” protagonista, por algum motivo o roteiro quer forçar que ele é um escolhido e um líder nato, mesmo que ele pareça mais um maluco psicótico que toma sempre as piores decisões em nome de um orgulho que aparenta ser o tema central do filme. Isso faz muito pouco sentido com a obra Godzilla, mas optaram por seguir esse caminho mesmo assim.

Godzilla??

Devo dizer que eu não sou daqueles que tem problema com um filme do Godzilla em que o mesmo aparece pouco (tanto é que eu gosto da versão de 2014), mas esse filme não tem motivo pra se chamar Godzilla.

Toda a ideia de medo da bomba, a temática pacifista e ambientalista da franquia como um todo inexistem aqui. No lugar disso temos um filme militarista que prega um orgulho nacionalista bizarro (temos que lutar até o fim, mesmo que isso nos leve a ruína), evidenciado pelo pensamento do protagonista para o qual a obra da um claro aval ao posicioná-lo inquestionavelmente como herói.

Com isso eu me pergunto, por que esse filme se chama Godzilla? Todo esse setting sci-fi, essas raças de alienígenas, essa trama de abandonar o próprio planeta dariam uma ótima história original (não da maneira apresentada, mas conceitualmente), então por que socar o Godzilla? Bom, porque vende.

Falando rapidinho da pate visual, o CG é de qualidade passável, menos os monstros que são bem feios, mas o problema vem na direção de arte, com ambientes visualmente sem graça. Pra não dizer que ele não tem cenas belas, a luta é decente e o epílogo é ótimo, quase dando vontade de ver a sequência.

Godzilla: Planeta dos Monstros é um filme muito ruim e até desrespeitoso se você o olhar como parte da franquia Godzilla. É um filme muito ruim mas com certo potencial se você olhar como uma obra original. Pena que traz uma tonelada de personagens completamente unidimensionais e desinteressantes, com uma mensagem um tanto quanto ultrapassada.

Deixe uma resposta